16 abril, 2006

Admirável Novo Mundo

Mês passado, quando Lula esteve em Londres para um cerimoniosa visita de Estado, não faltaram jornais britânicos elogiando a atuação do presidente-companheiro.

Na última semana, mais um importante jornal europeu rendeu elogios ao presidente Lula.

Foi a vez do francês Le Monde exaltar o brasileiro em seu editorial de sexta-feira, 14/04/06. Comentando a guinada à esquerda que toma conta de toda a América Latina, o diário mostra Lula como um exemplo a ser seguido, diferentemente de seu colega venezuelano Hugo Chávez, que, segundo o jornal, vira as costas e desafia a Globalização. Lula, esse sim, comanda uma política responsável que visa inserir seu país na economia mundial, sempre segundo o Monde.

Nada sobre caseiro, mensalão ou a gangue dos 40 ladrões.

Nada sobre o já conhecido projeto petista de se perpetuar no poder.

Não é uma questão de julgar se o governo Lula é bom ou ruim. Mas o quanto isso é irrelevante para os europeus.

Em Paris, deve ser cult gostar de Lula. Os intelectuais de esquerda de lá devem adorar ver um ex-metalúrigico, cuja mãe nasceu analfabeta (!), desfilar por aí seu bom comportamento para com os mercados internacionais.

Mas, não teriam o mesmo comportamento se vissem um ministro de sua respeitável República ordenar que um banco estatal sob sua chefia quebre, stalinisticamente, o sigilo bancário de um cidadão que o acusa de cometer irregularidades.

Não demoraria nada até que todas as ruas do país estivessem tomadas de pessoas furiosas.

Mas, antes, cada uma trataria de ir correndo sacar todo o seu dinheiro depositado no tal banco estatal fradulento.

Parece que não é à toa que os latino-americanos têm preferidos líderes ultra-nacionalistas. Mesmo sendo contra a opinião dos companheiros europeus.

4 comentários:

tOk disse...

Curioso. Em vários lugares (e em vários veículos de mídia de direita) tenho lido a respeito do "projeto do pt de se perpetuar no poder".

Aí eu pergunto: "puxa, isso é mesmo novo, não é?"

E eu mesmo respondo: "claro que sim. afinal, o suborno dos deputados e senadores para aprovar a reeleição e a sabotagem do placar eltrônico do senado, tudo durante o reinado de fernando primeiro, da dinastia dos cardoso, nada tem a ver com perpetuação no poder. apenas queriam fazer deste um país melhor e mais democrático."

E eu mesmo replico: "ah, é claro. como fui ingênuo..."

Eduardo disse...

Fato, isso não é novo. Muito pelo ao contrário. Os petistas tiveram com quem aprender.

E pior. Até hoje, não faltam "figurões" da política internacional para receber Cardoso e seus colegas de braços abertos.

Triste realidade essa nossa.

Mas também não entendo uma coisa. Para falar de um ato de corrupção, é preciso lembrar todos os outros que o precederam?

tOk disse...

Não. Mas é mais ou menos como a coisa do Pessach. Quando vcoê evoca um crime, evita que ele se repita.

Eduardo disse...

Faz sentido, gostei da resposta.

Você se lembra de mais algum?