13 abril, 2006

Uma festa

Pessach também é conhecida como a Páscoa Judaica. Mas, seria muito mais coerente chamar de Sete de Setembro Judaico.
Afinal, nesta data, comemora-se a independência do povo judeu, isto é, o dia em que deixaram o Egito - aonde tinham chegado quando eram apenas uma família - após séculos de escravidão.
Entretanto, a essência do chag (festa, em hebraico) vai bem mais além da história bíblica conhecida por todos, ou quase todos.
Diz-se, que nesse dia, cada judeu deve se sentir como se ele próprio tivesse saído do Egito. Cada um tem de sentir na pele ao menos parte daquilo que seus antepassados sentiram, desde os dias da escravidão, até a conquista da liberdade.
Desse modo, trazemos para o presente um fato histórico ocorrido há milênios. Ao transportar amostras dos sofrimentos e alegrias daqueles que o viveram, é possível também resgatar valores e lições.
Primeiramente, lembramos os ideias de liberdade. Nos nossos dias, vivendo em mundo aparentemente democrático, essas noções podem perder um pouco de sentido. Mas, é preciso lembrar que ainda hoje, em diversas partes do planeta, há pessoas discriminadas, presas e até assassinadas por sua origens ou convicções. E, se voltarmos segundos na História, encontraremos os Campos de Concentração e as fogueiras da Inquisição. Assim, a festa de Pessach nos ensina que em qualquer momento, lugar ou ocasião, há que se sentir a dor daqueles cujas mãos ainda estão amarradas e há que se recordar do júbilo da libertação, lutando eternamente pela conquista desse direito irrevogável.
Outra grande lição que aprendemos diz respeito à necessidade de se recordar a História daqueles que nos precederam. E nesse ponto os judeus são quase infalíveis. Alguns preferem chamar de mania de perseguição, mas o fato é que jamais uma atrocidade cometida ao longo do tempo contra esse povo foi esquecida. E, mais importante de tudo, é que essa imortal chama da lambrança não tem como objetivo cristalizar ódios, mas apenas evitar que novos crimes e matanças sejam cometidos. É evidente que muitos outros povos também foram perseguidos, talvez até de forma mais intensa. Mas, se ainda hoje os judeus estão vivos e atuantes para contar a sua História, é apenas porque foram capazes de lembrá-la ao longo dos séculos.
Enfim, esse é o sentimento que faz com todos os judeus do mundo, marroquinos, poloneses ou brasileiros se sintam tão próximos. Afinal, todos eles, independente dos costumes, da língua ou da cor dos olhos, guardam dentro de si a imensa dor da escravidão e a infindável alegria da liberdade.

Chag Sameach

2 comentários:

Anônimo disse...

Poloneses? Foi pra mim nao? hehe...
E que de geração em geração passemos esses sentimentos...

Anônimo disse...

Boa Dúdu!!
Sobre a liberdade, nossos antepassados mereceram-na.

Sobre nossos antepassados, que nós possamos, um dia, merecer a liberdde como eles mereceram.

Um Estado, liberdade?

Liberdade para uma geração muito próxima de nós!

Que nós possamos merecer um pouquinho dessa liberdade passada a nossos avós!!

E que então brindemos: à liberdade!